Texto:
CHARLES NASCIMENTO
Vermes.
Que peregrinam por toda
a parte.
Vida e morte, que se
misturam nesse inferno diário que é o cotidiano prosaico de pessoas insólitas,
todas em busca de 'um grande' algo. Um talvez.
E lá estava o corpo distendido no chão.
Corpo, cadáver,
indivíduo, pessoa.
Pessoas.
Tanto faz...
Em volta, como uma
platéia. Aplaudindo a morte como laureamos a vida.
Eu não fazia parte da
platéia.
Eu não era espectadora.
Copo de café na mão,
bolsa a tira colo, um relógio avisando o meu atraso e um chefe já pronto para
abater de mim mais um dia de trabalho.
Faltas.
Não há mais desculpas.
Não tolero mais
atrasos...
Eu podia ouvir a voz
grave daquele gordo maldito.
Mas, eu não me
importava mais...
Estava cansada. Estou
na verdade.
Mas já não me importa,
pois uma vida virou morte.
Pensamentos que se
exauriu como a chama da vela.
Velas!
Que me traz luz em meio ao
escuro.
Como a vida e a morte.
Aproximo-me com
delicadeza, meu café cheira, meu relógio me chama...
Quero ver de perto o
contorno da MORTE.
Borne do infinito.
A ausência.
O branco. O preto. O cinza.
As cinzas...
Provar da morte, como
um ressuscitado sabatina a vida.
Os minutos passam como
tem que ser.
Meu telefone toca.
Desobedeço, não o atendo, não é para mim...
Ali de frente para o pensamento
extenuado tenho vontade de chorar, mas não posso me dar ao luxo, não quero!
Não quero que me
ensinem mais a respirar.
Quero a liberdade da
morte.
O alvedrio que a vida
nos tira...
E quem disse que tenho
livre-arbítrio?
Tenho sono, tenho
pressa.
Constituirá a vida tão
poderosa quanto à morte?
Será Thanatos, o
supremo?
Sou animal, bruto,
calejada. Instinto e ênfase.
Sou o deus da mitologia
grega que personifica a morte.
Não sou ninguém.
A morte a levou... E a
mim também!
Nossa Chales belíssimo texto! De uma profundidade e delicadeza que tornam a leitura muito suave!
ResponderExcluirParabéns!
http://joandersonoliveira.blogspot.com.br/
Obrigado Joanderson,que bom que gostou =)
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