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sábado, 5 de abril de 2014

então eu li... A HORA DA ESTRELA




 

 
“A HORA DA ESTRELA é a história de uma moça tão pobre que só comia cachorro quente, mas a história não é só isso não, a história é de uma inocência pisada, de uma miséria anônima. O cenário dessa história é Rio de Janeiro, mas o personagem é Nordestino, é de Alagoas”.
– Clarice Lispector em entrevista ao programa Panorama.



 
Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Ano: 1977
Gênero: romance
Temas: é um romance sobre o desamparo a que, apesar do consolo da linguagem, todos estamos entregue. – José Castello, jornalista, escritor.

Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragens onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:
- Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Página 44

A HORA DA ESTRELA não é qualquer romance, é uma história um tanto profunda, quanto complexa contada de uma maneira simples ao mesmo tempo densa, intensa. Clarice diferente de outros livros vomita tudo aquilo que estava preso em sua garganta por meses ou anos nas poucas e maravilhosas páginas do livro.

Foram menos de 4 horas de leitura, mas a sensação que o livro nos deixa após o seu término é um verdadeiro misto de revolta, compaixão e uma profunda queixa contra a sociedade. Clarice usa um narrador masculino no livro, Rodrigo S. M, mas nem mesmo assim ela consegue afastar seu desabafo das páginas recheadas de uma boa história.

Eu morei em Recife, conta Clarice quando perguntada onde foi buscar referências para seu livro, eu morei no Nordeste eu me criei no Nordeste e depois no Rio de Janeiro tem uma feira dos Nordestinos no campo de São Cristovão e uma vez eu fui lá e peguei o ar meio perdido do Nordestino no Rio de Janeiro, daí começou a nascer à ideia.

Tão profundo e ao mesmo tempo simplório assim eu consigo/tento definir a linguagem de Clarice nesse livro, ela não se considerava uma escritora profissional, gostava de ser amadora e talvez fora esse pensamento que fez com que seus livros fossem essas obras únicas que são.

Sinopse:

A nordestina Macabéa, a protagonista do livro é uma mulher miserável, que mal tem consciência de existir. Depois de perder seu único elo com o mundo, uma velha tia, ela viaja para o Rio de Janeiro, onde aluga um quarto, se emprega como datilógrafa e gasta suas horas ouvindo a Rádio Relógio. Apaixona-se, então, por Olímpico de Jesus, um metalúrgico nordestino, que logo a trai com uma colega de trabalho. Desesperada Macabéa fica por fim sabendo que seu futuro será luminoso, bem diferente do que a espera.


 Há alguns dias venho estudando mais e mais Clarice Lispector e suas obras, e talvez por isso tenha estado cada vez mais apaixonado, extasiado por essa mulher.

E esse é um daqueles livros que eu não consigo expressar com palavras o quão bom ele é, por isso por meio de quotes deixo que ele mesmo fale por si só, claro que ele leva Cinco estrelinhas do blog e vai aqui um SUPER-RECOMENDO a todos!

“Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever”.
- Página 11

“Pensar é um ato. Sentir é um fato.”
- Página 11

O definível está me cansando um pouco. Prefiro a verdade que há no prenúncio.
 - Página 30

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